Hoje vou ter a sorte de poder optar, como é meu costume, por uma refeição vegetariana. Congratulo-me por isso. Não vou conseguir é deixar de pensar que milhões pelo mundo inteiro não têm essa possibilidade de opção. A sua única "opção" é sobreviver alimentando-se do que podem, do lixo que outros, mais favorecidos, indiferentemente descartaram.
Os refugiados do Darfur, vítimas de um conflito sem fim anunciado do qual ninguém sai vencedor - perdão...alguém sai vencedor, é claro. Mas não será nenhum dos intervenientes directos. Talvez estejam convencidos disso, é certo...mas os verdadeiros vencedores são os que instigam este, como outros conflitos pelo mundo fora para seu banefício corporativo. A tal Corporocracia de que já ouvimos falar, recordam? - passam fome de cão à espera da caridade de algumas organizações que duplicam esforços para obter auxílios que, a maior parte das vezes, nem chegam ao destino.
Não consigo deixar de pensar no número crescente de desalojados que estão mesmo à nossa porta, nem consigo deixar de me questionar porquê? Pois se há riqueza que chegue para todos porque se vende a escassez e apenas alguns detêm toda a riqueza do mundo? Este planeta não é a casca de noz na qual divagamos por um infinito que ninguém consegue nem medir nem compreender?
Porque continuamos a fazer sofrer e a ver sofrer sem sentirmos um pingo de remorso? Lavamos as mãos porque não somos respoonsáveis directos!? Pensemos um pouco melhor! Uma coisa eu sei e tenho como certa: tudo o que se passa no mundo, o que existe no mundo, o que somos e o que os outros são, são efeitos de causas. Seja, tudo é causa - efeito. Absolutamente tudo. E ninguém está isento. Tudo e todos somos interdependentes e, por isso, a nossa felicidade depende da felicidade dos outros. Ninguém tem de sofrer para que eu seja feliz. Ninguém tem de passar fome para que eu tenha abundância. Mas isso acontece, não é? E porquê? É uma reflexão que vos deixo como sobremesa a este pequeno filme premiado no 56ª Berlin International Film Festival, no qual os realizadores foram convidados a produzir curtas metragens subordinadas ao tema: COMIDA, SABOR E FOME.
Até quando vamos ser globalmente indiferentes ao sofrimento?
Passem bem.
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